terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pergunta parva, resposta (ainda mais) parva (V)

Quando nos apercebemos que tínhamos a torneira da banheira avariada...
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Pergunta: "Já viste bem o estado da nossa torneira da banheira, Batemuma?"
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Resposta: "Foi um de vocês que lhe bateu com um martelo!"

domingo, 21 de dezembro de 2008

11/1/1977

Embora seja raro isso acontecer, por vezes gostamos de manter um diálogo inteligente e coerente com o Batemuma. O problema é que, por muito que se queira, é bastante difícil (para não dizer impossível) concluir com êxito essa missão, pois estamos sempre sujeitos a ser interrompidos, a qualquer altura, e sem aviso prévio, por um dos seus profundos e intensos pensamentos, qual coelho retirado da cartola de um mágico, que nos deixam sem qualquer hipótese de reacção. Foi precisamete o que aconteceu quando durante uma simples conversa, sobre um banal assunto do quotidiano, o Batemuma nos presenteou com esta pérola: "No dia em que eu nasci, caíu um nevão de trinta centímetros no Canadá!"

sábado, 20 de dezembro de 2008

Deixem o homem ler!

Quando o Bodas ouve música, toda a casa ouve música. Até aí, tudo bem. O problema é a falta de qualidade de algumas das músicas/versões por ele escolhidas. E se eu, que percebo pouco ou nada do assunto, tenho esta opinião, imaginem qual será a do Batemuma, que é músico! Geralmente, mesmo que não se goste da esolha, raramente alguém se pronuncia, e a música ouve-se até ao fim. Só que neste dia em particular, o Batemuma precisava de ler um livro, e para o fazer necessitava de silêncio absoluto. Portanto, quando ao voltar do quarto, depois de fazer mais uma das suas belas escolhas musicais, o Bodas espreita à porta do quarto do Batemuma, vê-o sentado no sofá, qual Buda, a olhar muito sério para ele, com as suas três sedas a balançar, e apontando para um livro que tinha em cima das pernas, diz apenas isto: "Amigo Bodas, ler!" Surpreendido com o que acabava de ver, o Bodas ficou sem reacção. Foi o suficiente para levar o Batemuma a reforçar a ideia: "Ler, Bodas!" Esta segunda vaga de insistência por parte do chefe, levou a que o Bodas fosse imediatamente para o seu quarto. Só que infelizmente para o Batemuma, não foi para baixar o volume da música, mas sim para se rir da cena que acabara de presenciar!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A eterna dúvida

É tanta a confiança nos hábitos de higiene do Batemuma, que nem mesmo durante um simples jantar de "família" o assunto deixa de ser abordado. Ao ver um copo com um líquido em tons de amarelo e de origem duvidosa em cima da mesa, o Bodas não se conteve, e com toda a calma, seriedade e naturalidade do mundo, vira-se para o Batemuma e pergunta: "Batemuma, diz a verdade, isto é urina, não é?" Os momentos de suspense que se seguiram entre a pergunta e a resposta do Batemuma batiam aos pontos qualquer cena de um filme de Hitchcock. Embora não tenhamos ficado plenamente confiantes na veracidade da resposta, o Batemuma pegou rapidamente no copo em questão, e levando-o para a cozinha, limitou-se a dizer: "Achas mesmo, Bodas? É cerveja!" Não é que eu duvide da palavra dele, mas...

Ana Cristina Oliveira

"Dessa vez tu não cumpriste
E faltaste ao prometido
Eu fiquei sentido e triste
Olha que isso não se faz
Disseste que se eu fosse audaz
Tu tiravas o vestido
E prometido é devido"
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Carlos Tê / Rui Veloso, in "O prometido é devido"

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

António das Cruzes

Quando questionado sobre a origem dos estranhos barulhos que saíam do velho exaustor da nossa cozinha, o Batemuma revelou o seu lado de admirador do oculto, afirmando que o exaustor era habitado pelo espírito de um tal de António das Cruzes. Acreditem ou não, a verdade é que apesar de o exaustor já há muito ter sido substituído, ainda hoje o nome do suposto espírito é utilizado como login em alguns sites.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Batemuma vs. CTT

Qualquer super-herói que se preze tem o seu inimigo de estimação. O Batemuma não é excepção, e tem nos CTT o seu maior rival! Quem nunca recebeu ou viu, sequer, uma encomenda expedida pelo Batemuma, poderá ter alguma dificuldade em compreender a grandeza desta rivalidade, mas acreditem que ela existe. O Batemuma não se poupa a esforços para evitar dar dinheiro a ganhar aos CTT, chegando ao ponto de fazer ele próprio os envelopes e as embalagens para as encomendas que envia. O problema é que o esforço que ele emprega no seu objectivo é tanto, que nem mesmo o David Copperfield, que já penetrou a Grande Muralha da China e a Claudia Schiffer, as conseguiria abrir! É tanta a dose de papel, cola, fita adesiva e falta de jeito do homem, que todos os dias, antes de ir dormir, rezo para que ele não se lembre de me pedir novamente para ir aos correios enviar nenhuma das suas criações postais. Ainda assim, é nos CDs que ele consegue as maiores poupanças, isto porque podem ser facilmente enviados depois de serem envolvidos numa simples folha de papel A4 - usada, de preferência - e blindados por uma fileira de agrafos a toda a volta.

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."

Se o pai da Química moderna, Lavoisier, ainda fosse vivo, teria certamente muito orgulho no Batemuma, e adoraria ter tido o prazer de presenciar a cena que vos vou contar. Num belo dia, enquanto jantava um dos seus pratos favoritos (batatas cozidas com atum), o Batemuma aponta para uma garrafa de vidro que tinha trazido da cozinha, e pergunta-me: "Sabes o que é isto?" Apanhado de surpresa, mas procurando desde logo uma saída, fiz-me passar por desinteressado e limitei-me a responder : "Não." Fiel aos seus princípios, o Batemuma não demorou nem cinco segundos para me elucidar: "É vinagre de vinho tinto. Fui eu que fiz. Da última vez que meu pai me veio visitar, trouxe-me esta garrafa de vinho tinto. Como não o bebi todo, azedou. Lembrei-me e juntei-lhe um pouco de vinagre. Foi o suficiente. Está óptimo!" Vamos todos acreditar que sim...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Salva-vidas

Se alguma vez ficaram, ainda que por breves minutos, a sós com o Batemuma, sabem o quão devagar o tempo parece passar nessa ocasião. Portanto, a pedido de diversas famílias desesperadas, aqui ficam algumas simples palavras e frases que, quando proferidas na altura certa, podem ajudar-vos a aliviar o sofrimento durante as longas horas de aperto. Assim, sem ser sequer necessário olhar o vosso adversário nos olhos, quando ele proferir uma daquelas suas extensas dissertações filosóficas, basta-vos pura e simplesmente concordar com ele, abanando a cabeça, e pronunciar uma das seguintes palavras: "Exacto", "Certo", "Isso", "Precisamente", "Sim" ou até mesmo "Ya". Se, em vez de uma afirmação, vos for posta uma qualquer questão, podem utilizar uma das seguintes frases: "Sim, falámos disso ontem", "Acho que já me tinhas contado isso, Batemuma", "Também sou dessa opinião" ou "Ainda ontem disse exactamente a mesma coisa". Se não acreditam, experimentem. Eu não me farto de as usar. E o melhor é que, além de resultarem, nunca se gastam!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Privacidade? Não estou familiarizado com esse conceito...

Com o Batemuma, a realização das tarefas diárias, mesmo as mais básicas, pode ser uma autêntica aventura. Não estranhem, portanto, se estiverem um belo dia a tomar o vosso banho matinal, e ele entrar pela casa de banho a dentro com a maior das naturalidades, com o intuito de, segundo o próprio, "defecar assim de fininho." Infelizmente, esta desagradável situação parece tratar-se de uma tradição daquela casa, visto não ter sido a primeira vez que me interromperam o banho, pois não, Bodas?

Muito melhor que o Google!

Assim que descobrimos o serviço de hospedagem de ficheiros "Rapidshare", partilhámos a nossa satisfação pelos bons resultados obtidos com o Batemuma. Ele não se fez rogado, e qual bom samaritano, vendeu logo o peixe ao "chico-esperto" de nome bíblico, desafiando-o: "Isto tem tudo, quer ver? Diga lá aí um nome qualquer para nós procurarmos!" O "chico-esperto", que de esperto não tem nada, não percebeu que era suposto dizer o nome de uma banda ou artista, e aceitou o desafio, dizendo: "Ora então procure lá aí John Paul Sutton!" Embora o nome não nos dissesse nada, demos-lhe o benefício da dúvida, visto que ele até já tinha trabalhado no mundo da múscia. Quando a pesquisa no "Rapidshare" não deu resultados, ficámos muito surpreendidos, e todos queríamos saber quem era aquele John Paul Sutton. Finalmente, lá arranjámos coragem para admitir a ausência de resultados, e perguntámos-lhe: "Afinal de contas, quem é este John Paul Sutton? Tem alguma banda?" Nada nos podia preparar para a resposta que estávamos prestes a ouvir: "Uma banda? Não! O John Paul Sutton foi meu vizinho em Tomar!"

Pirilampo Mágico?

A força do Batemuma não é só física, mas também de vontade. Portanto, quando ele decidiu que não fumava mais no quarto para eliminar o intenso cheiro a tabaco que lá se fazia sentir, todos acreditámos que seria capaz, e apoiámo-lo incondicionalmente. Os seus colegas faziam-lhe companhia enquanto ele fumava um cigarro na cozinha, e deixavam-no, inclusivamente, fumar nos seus quartos. Infelizmente, o frio revelou-se um adversário à altura da força de vontade do Batemuma, levando-o a tomar medidas drásticas! Certa noite, estava um dos seus colegas de casa a dormir muito descansado, quando sente alguém no quarto. Na escuridão, conseguiu ver apenas um ponto vermelho a brilhar, qual antena de um Pirilampo Mágico. Acabou por dar de caras com o Batemuma sentado no sofá, com o termoventilador ligado, debruçando-se sobre ele e a fumar! Ainda meio ensonado, o colega perguntou-lhe: "O que é que estás aqui a fazer, Batemuma?" Com a rapidez que lhe é característica, responde o Batemuma: "Vim aqui fumar um cigarro. Na cozinha está muito frio."

Não pega? Não há problema, eu empurro!

Basta um simples olhar para se perceber que o Batemuma é um homem de força! Portanto, quando numa Sexta-feira à tarde, o seu então colega de casa se preparava para partir de fim-de-semana, e o carro não pegou, não tardou a que o Batemuma se prontificasse a ajudar: "Entra que eu empurro!", disse o nosso amigo. A intenção era boa, já a força aplicada foi tanta que nem sequer fez o carro abanar, acabando por ficar exactamente no mesmo lugar! A solução passou por pedir a alguns pedreiros, que se encontravam ali perto, para fazerem, efectivamente, o que o Batemuma, curiosamente, não consegui fazer, ou seja, empurrar o carro.

De se lhe tirar o chapéu!

Nem todas as "putices" nos levam ao desespero. Ocasionalmente, chegam mesmo a arrancar-nos algumas gargalhadas. Foi o que aconteceu quando, depois de um dia de aulas, entro no meu quarto - que infelizmente me tinha esquecido de fechar à chave - e encontro o recheio (despertador, pijama, livros, almofada, tapete, candeeiro, cadeira, mesa de cabeceira, etc.) todo embrulhado em folhas de jornal! Até tive direito a um "santuário" com velas e caricas de garrafas de cerveja espalhadas pelo chão! Como prova de que não há ressentimentos, e em sinal de reconhecimento de uma "putice" bem feita, aqui fica este singelo texto em memória desses bons velhos tempos...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Quando a boca foge para a verdade

Onde estamos mais resguardados da companhia do Batemuma é nos nossos quartos. No entanto, nem mesmo aí estamos completamente seguros, pois podemos sempre ser surpreendidos pela sua visita. Foi o que aconteceu nesta ocasião em particular, quando os dois gladiadores foram apanhados de surpresa pela presença do Batemuma no quarto do Bodas. Não aguentando a pressão, o dono do quarto finge uma súbita crise de sono, e enfia-se rapidamente debaixo dos cobertores, procurando abrigo e deixando o seu colega a aguentar o barco. Passado algum tempo, os dois que ainda se mantinham acordados conversavam sobre mulheres. Aí, esquencendo-se que era suposto estar a "dormir", o Bodas não resiste, e ao ouvir falar num particular tipo de menina, diz numa voz rouca vinda bem lá do fundo: "É dessas é que eu gosto!"

Uma questão de grossura

Uma das (muitas) profissões que o Batemuma domina, é a de mecânico automóvel. E não se inibe de o mostrar! Ainda um dia destes, íamos nós a caminho do Dolce Vita, pergunta ele: "Que óleo é que costumas pôr no motor?" Uma vez que já sei o que a casa gasta, tentei evitar males maiores, e respondi: "Não sei, é o meu pai que costuma tratar disso. Mas como ele tem muito cuidado, provavelmente deve usar o recomendado pela marca." É claro que isto não o satisfez minimamente, e ele não se ficou por ali: "Eu li recentemente o manual do carro de meu irmão, e todos os motores da Ford devem usar óleo 5w30. É um óleo mais fino que faz o motor durar muito mais tempo. Já no carro de meu pai, também um Ford, os gajos da oficina estavam a pôr óleo 10w40. Não percebem nada daquilo! Quando eu o avisei para ele mudar para o 5w30, já o motor tinha sido desgastado pelo outro e perdia óleo por tudo quanto é lado! Agora tem que usar o 10w40 de qualquer maneira."

Com amigos destes... (II)

Duas outras personagens, sem as quais o Batemuma não consegue viver, são o "Chaka" e um Brasileiro, a quem chamaremos "Vanderlei". Em relação à primeira, é dono de uma loja, supostamente de reparação de computadores, à qual nem mesmo em último recurso deverão ir. É que além de ficarem privados do vosso computador durante cerca de um ano, recebem-no de volta exactamente como o entregaram, ou seja, avariado! No entanto, e apesar de estar farto de saber disso, o Batemuma não dá um passo sem consultar aquele que é o seu perito favorito. No que diz respeito à segunda, é famosa pelas suas constantes indecisões, mesmo em relação às questões mais básicas. As indecisões são tão fortes, que chegam a levá-lo ao ponto de não se conseguir decidir entre comer carne ou peixe e entre beber água ou vinho.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um assalto do outro mundo

Se pensam que já não vos consigo surpreender com as histórias do Batemuma, esperem até chegarem ao fim deste texto. Como de certeza já repararam, tanto ele como a restante família são incapazes de praticar qualquer acto dito normal, chegando ao cúmulo de nem sequer conseguirem ser assaltados com normalidade! Ora vejam: quando o irmão do Batemuma foi assaltado pelo bando liderado pelo lendário "Juarez", depois de lhe pedirem o habitual numa situação destas (carteira, telemóvel, etc.), perguntaram-lhe o seguinte: "Então e bihetes para o concerto do Netinho, não tens?"

O guitarrista fantasma

Se foram ver o concerto dos Rádio Macau em Coimbra, é muito provável que se tenham cruzado com o Batemuma. No que provavelmente não repararam foi no pormenor que ele fez questão de nos contar, e que passamos a partilhar convosco: "O Flak estava tão mamado que não conseguia tocar nada de jeito! Sabem como é que eles resolveram o problema? Puseram um gajo escondido atrás dos amplificadores a tocar a parte dele, enquanto ele fazia figura de corpo presente em cima do palco! Mas eu topei tudo!"

Pergunta parva, resposta (ainda mais) parva (IV)

Durante um dos raros episódios de limpeza que contou com a participação activa do Batemuma, ao ver que depois de limpar apenas uma parte do lixo que estava atrás do fogão (certamente pela primeira vez desde que mora naquela casa) ele se preparava para deixar a tarefa a meio...
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Pergunta: "Então, não limpas o resto, Batemuma?"
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Resposta: "Hoje limpo só metade, o resto fica para a próxima..."

É de família (I)

Caso tenham curiosidade em saber de onde vem a maneira de ser do Batemuma, eu tenho a resposta: é de família. Como é que eu sei? Pelo próprio. Não acreditam? Então vejam bem esta história que ele me contou (sem eu lhe perguntar nada, claro): "Aqui há uns anos, lá nos Açores, meu avô e o comparsa dele - sim, aqueles dois andavam sempre juntos a fazer estragos e a causar o pânico - tiraram os portões todos das casas de uma rua! Foram mais de cem portões numa única noite! Uns trocaram-nos de casa, e os outros puseram-nos para lá num monte!" E agora, já acreditam? A genética tem destas coisas...

As alcunhas acumulam-se

Quem está familiarizado com a nossa fértil imaginação, desconfia, certamente, que "Batemuma" e "Caganitas" não são, de maneira nenhuma, as únicas alcunhas que encontrámos para apelidar o nosso alvo. Apesar de, na sua grande maioria, serem colocadas por pessoas que privam com ele, também existem algumas de origem externa, como é o caso da que se segue. Assim, em homenagem aos seus parcos e esguios fios de cabelo, que se podem facilmente confundir com cortinados, o Batemuma conquistou, também, a alcunha de "Três Sedas"...

Pergunta parva, resposta (ainda mais) parva (III)

Quando ficámos a saber dos problemas de visão do Batemuma...
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Pergunta: "Então e não usas óculos porquê, Batemuma?"
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Resposta: "Eu só tenho problemas no olho direito, do qual não vejo quase nada, mas no esquerdo tenho uma visão muito superior a 20/20!"

A mãe de todas as "putices"

Quando confiamos muito no nosso camarada, podemos, por vezes, ficar desiludidos com as suas opiniões, respostas ou atitudes, mas nunca esperamos que ele nos foda como se não houvesse amanhã! No entanto, quando a questão envolve passar tempo na companhia do Batemuma, vale tudo, mesmo tirar olhos! Portanto, quando numa bela noite se chegou a um dilema em relação à bebida de eleição (vodka ou whisky), seria de esperar que o nosso aliado nos apoiasse. À primeira vista, e pela resposta obtida, assim parecia: "Tragam lá então o whisky que eu bebo!" Nunca desconfiando da seriedade da resposta, lá fomos buscar o precioso néctar. A desilusão deu-se quando, ao entrar em casa, se vê o suposto aliado pronto para sair. "Então onde é que vais?", perguntei eu. Responde o traidor com a maior das naturalidades: "Jogar umas cartas, mas volto cedo!" Quando finalmente voltou, bem para lá das três da manhã, encontrou-me sentado no sofá, ao lado do Batemuma, com um copo na mão para afogar as mágoas. O que me serve de (magro) consolo, é o facto de saber que o fulminante olhar que lhe mandei assim que ele abriu a porta, e a imagem que ele presenciou, ficaram para sempre marcadas na sua retina. Mesmo assim, nunca vou recuperar essas horas, durante as quais tive o "prazer" de ouvir a história do arquipélago dos Açores, desde a primordial erupção vulcânica que lhe deu origem, até ao cálice utilizado por Sua Santidade, o Papa João Paulo II, durante a realização de uma missa numa das suas visitas a Portugal!

http://www.ladonegro.net/

Por vezes o desespero chega a ser tanto, que nos força a tomar medidas desesperadas. É nessas alturas que nos deslocamos até ao quarto do Batemuma para ver se aquela típica figura nos consegue, de alguma maneira, animar. Geralmente, não ficamos desiludidos. Numa dessas incursões, visto já lá estarmos há algum tempo sem nada para fazer, alguém perguntou: "Não conhecem assim nenhum site de coisas obscuras para visitarmos?" Já deviam saber que com o Batemuma não há pergunta que fique sem resposta, portanto, nem dois segundos depois já ele dizia: "Sim, chama-se 'O Lado Negro da WEB', mas se quiserem ver isso não é no meu computador de certeza!" "Então porquê?", perguntámos nós muito admirados. "Porque isso está cheio de vírus!", respondeu ele. Como o que ele diz não se escreve, não podíamos perder uma oportunidade daquelas de nos metermos com ele. Portanto, contra todas as indicações, começámos a escrever o endereço no browser. Mal aproximámos o dedo do "Enter" para confirmar a entrada na página, apareceu o mítico "ecrã azul da morte"! Enquanto o Batemuma dizia "Eu bem vos avisei!" nós ríamos até não poder mais. Passada toda aquela emoção, o Batemuma, qual juíz, decretou logo a nossa sentença: "Nunca mais mexem no meu computador!" A título de curiosidade, fiquem a saber que a proibição não se manteve durante mais de trinta segundos...

Enchidos

Podem até achar estranho, mas companhia feminina é coisa que não abunda naquela casa. No entanto, os dois lutadores que ali moram parecem ser os únicos interessados em alterar o curso dos acontecimentos nessa área em particular, e não se poupam a esforços para mudar a história. Contudo, têm sempre que contar com a oposição de um adversário de peso, o Batemuma! Eis o que os espera quando tentam pedir o auxílio dele para convidar uma certa menina para jantar: "Podíamos convidar a Ana para vir cá jantar connosco amanhã, Batemuma. Vamos buscar um frango assado, umas batatinhas fritas e comemos aí. Mandas-lhe uma mensagem?" Com a resposta do Batemuma começam as dificuldades: "A Ana não aprecia frango assado, ela prefere antes um queijinho da serra, um bom presunto..." Pressentindo o inevitável final desta leitura da ementa ideal, um dos seus colegas decide poupar-se a si e ao companheiro de luta do resto do massacre, e apontando para a zona do baixo ventre, interrompe de imediato o Batemuma, perguntando-lhe: "Então e de salpicão, não gosta?" Escusado será dizer que a menina nunca mais lá apareceu e que continuamos à espera da resposta...

domingo, 7 de dezembro de 2008

SEAT ou SIAT?

Outro dos nossos passatempos favoritos consiste em tomar nota das "calinadas", "gaffes" ou simples expressões proferidas pelo Batemuma para depois nos rirmos enquanto as contamos e recontamos um ao outro. A "putice" ideal, consiste em criar (ou recriar) despercebidamente várias situações de modo a fazer o Batemuma repetir as suas "saídas" menos felizes em frente do colega que ainda não as ouviu. Uma das situações mais apreciada surgiu do facto de me ter apercebido que, em vez de SEAT, o Batemuma diz SIAT. Este foi o ponto de partida. O passo seguinte consistiu em montar a armadilha. Nada mais fácil! Bastou o Bodas perguntar: "Então não é que me deu uma 'branca'? Qual é a marca de carros que faz o Ibiza, Batemuma?" Qual relógio Suíço, não demorou nem um segundo para o Batemuma responder: "SIAT!"

Com amigos destes... (I)

Tal como o Batemuma, alguns dos seus melhores amigos são, também eles, (muito) especiais. Devido ao grande número de personagens, optámos (pelo menos para já) por chamar a vossa atenção para as duas que pensamos serem as principais influências e modelos do nosso amigo. Assim, por ser o elo de ligação entre as demais, talvez a figura mais importante seja a de um típico "chico-esperto" com nome bíblico, autêntico homem das mil e uma profissões, negócios e esquemas, todos eles com um denominador comum: o fracasso. Merece ainda destaque a sua conhecida preferência por brasileiras masoquistas. Em relação à segunda figura, trata-se de um protegido e braço direito da primeira. Um empregado bancário que tentou dar o golpe do baú ao pedir a reforma antecipada por, segundo ele, estar louco. É caso para dizer: com amigos destes...

Relógio biológico? Tenho, mas não uso!

Se algum dia sentirem um irresistível desejo de conhecer o Batemuma, resistam com todas as vossas forças! Se não forem capazes de resistir e quiserem mesmo muito conhcê-lo, o ideal é ligarem-lhe com alguma antecedência para marcarem uma hora com ele. Porquê? Bem, como já vimos o Batemuma tem muito pouco de normal (para não dizer que não tem mesmo nada), portanto, não é de admirar que também o seu relógio biológico não seja como o nosso. Assim, rege-se por um qualquer fuso horário que só ele entede, podendo deitar-se entre as duas e as quatro da tarde, e levantar-se entre a meia-noite e as duas da manhã. Uma vez que o fuso horário não é constante, por vezes até ele próprio fica baralhado, chegando a achar estranho acordar à uma da manhã, depois de se ter deitado às três da tarde, e não ter mais sono, ficando acordado até de manhã.

Reciclagem? Não será (só) separação?

Um dos (muitos) conceitos que o Batemuma tem dificuldade em aplicar é o de reciclagem. Para ele, reciclar não é mais do que proceder à simples separação do lixo. Já levá-lo ao contentor ou ao correcto receptáculo do Ecoponto, é uma história completamente diferente. Assim, uma vez separado, o lixo é colocado dentro de sacos de plástico espalhados ao longo do corredor, que ali se acumulam, até que alguém incomodado com o cheiro lhes dê o destino apropriado. Antes de tecerem qualquer tipo de comentário, chamo a vossa atenção para o facto de o Batemuma ter que descer as escadas desde o primeiro andar, atravessar a rua para chegar ao contentor do lixo que tem colocado mesmo em frente à porta de casa, e necessita, ainda, de se deslocar uns bons dez metros para chegar ao Ecoponto mais próximo.

Uma hora no ISCA

O Batemuma tem ouvidos de tísico. Não admira, portanto, que ao ouvir os seus colegas de casa a combinarem uma saída a meio da tarde, se faça logo convidado: "Vocês vão sair? Então também vou!" Ele só não contava com a pronta resposta que obteve: "Mas olha que nós vamos ao ISCA." "Então e a seguir?", perguntou ele. "Não sei, ainda devemos ficar por lá uma hora", respondeu um deles. "Foda-se! Vão passar uma hora no ISCA?", exclamou com admiração o Batemuma, perguntando de imediato: "Então e o Bodas, vai fazer o quê?" "O Bodas vai passar uma hora no ISCA", foi a resposta que obteve. Dizem as más línguas que esta cena ilustra a vontade que temos de passar tempo na companhia do Batemuma. Como não concordo, deixo ao vosso critério...

Grego ou Latim?

Quando questionado sobre o símbolo químico do Sódio, o Batemuma não hesita, e afirma muito convicto: "Na". Até aqui tudo bem. No entanto, desperdiçando (mais) uma boa oportunidade para ficar calado, não resiste a mostrar todo o seu conhecimento, e acrescenta: "Vem do Grego, 'Natrum'." Aqui fica o nosso desafio: se tiverem uma hora da vossa vida para desperdiçar, vão ter com ele e perguntem-lhe: não será do Latim, "Natrium"?

sábado, 6 de dezembro de 2008

"Et tu, Brute?"

Como teremos oportunidade de ver, uma das maneiras por nós encontradas para minimizar o sofrimento de viver com o Batemuma, consiste em realizar partidas uns aos outros. Ou como nós carinhosamente lhes chamamos, "putices". Assim, além de nos mantermos ocupados e distraídos, conseguimos esquecer, ainda que por breves momentos, o nosso companheiro de casa. Como às vezes descemos a um nível muito baixo (até mesmo para os nossos padrões), e levamos as "putices" longe de mais, não é de estranhar ouvir, uma vez por outra, um de nós perguntar "Até tu, Brutus?" enquanto retira das costas o "punhal" cravado pelo outro...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Pergunta parva, resposta (ainda mais) parva (II)

No fim de um dia de pinturas em casa...
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Pergunta: "Agora que a casa está praticamente toda pintada, não queres pintar também o teu quarto, Batemuma?"
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Resposta: "Mas vocês estão parvos, ou fazem-se? A nível de pintura, o meu quarto é a melhor divisão da casa!"

1986?

"Explosão do reactor número quatro da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia!" Esclarecidos, seus incultos? Ou querem saber a história da central desde a sua construção até ao segundo exacto em que se deu o acidente? Olhem que eu pergunto-lhe...

Casa de banho? Perdão, lavandaria!

Como já vimos, o Batemuma tem algumas dificuldades em distinguir as divisões da casa e o seu conteúdo. Portanto, num dia normal, não é difícil entrar na divisão a que normalmente se chama casa de banho, e encontrar na banheira um alguidar cheio de roupa para lavar. Em certas ocasiões especiais, a roupa pode ser substituída por loiça suja ou por rolos e pincéis cheios de tinta.

Caganitas? Surpresa!

O aparelho digestivo do Batemuma é muito semelhante ao das cabras. Não admira, portanto, que o resultado final seja, também ele, idêntico. Assim, é natural que depois de libertar uma coisa tão insignificante, além de não ser necessário utilizar papel higiénico, se pense duas vezes antes de puxar o autoclismo. "Não será melhor esperar pelo próximo cliente com um aparelho digestivo normal? Sempre se poupa alguma água!" Foi exactamente este o pensamento do Batemuma naquele fatídico dia. E se bem pensou, melhor o fez! Portanto, se algum dia encontrarem uma surpresa do Batemuma na sanita, não desesperem e, acima de tudo, não se precipitem! Basta seguirem as simples regras por ele estabelecidas para esta situação: primeiro, fazem tranquilamente o que têm a fazer, e só depois é que puxam o autoclismo. Nada mais fácil. Resumindo, acumulem. Quanto ao papel higiénico, só se for mesmo necessário. Só mais uma coisa: não sejam egoístas! Partilhem a vossa enriquecedora experiência com alguém. Foi o que eu fiz! Verão que se sentem muito mais realizados (já para não dizer aliviados).

Dia de pagamento? Medo!

Gera-se o pânico quando vemos o Batemuma a acenar com os envelopes das contas na mão! Porquê? Muito simples: é que apesar de apenas três pessoas viverem naquela casa (uma das quais tem apenas uma lâmpada economizadora no quarto), o valor das contas é digno de um qualquer hotel de cinco estrelas! Ainda mais curioso é o facto de o valor a pagar não sofrer qualquer alteração quando há menos pessoas em casa. No entanto, além de esperar todos os meses que passe o prazo para dar a contagem da luz (facto que o deixa bastante feliz), de deixar luzes acesas de dia e de noite por toda a casa e de lavar os dentes no banho, o Chefe já descobriu a principal fonte dos nossos problemas: um único computador é responsável por mais de 60% do consumo energético! Já utilizar o termoventilador debaixo dos cobertores o ano inteiro, deixar as luzes acesas por toda a casa e ter a televisão ligada 24 sobre 24 horas por dia (ainda por cima sempre sem som)...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

"Modus Operandi"

Não há outra maneira de o dizer, o Batemuma é fanático pela segurança! Como tal, está sempre em cima do acontecimento em relação a essa matéria. Então não é que ainda a semana passada, na avenida ali em baixo (curioso, é sempre na semana passada e sempre na avenida ali em baixo), houve mais uma vaga de assaltos? Foi também por ele que ficámos a conhecer o mais recente Modus Operandi dos bandidos. Como é que eles fazem, perguntam vocês? Muito simples, responde o mestre: "Esperam até as pessoas se deitarem e depois, pela fechadura, por baixo da porta ou pela janela, mandam uma 'gazada' com gás sonífero! A pessoa ferra, deixando assim o caminho aberto para os larápios consumarem o furto." Por isso, aqui fica o aviso: cuidado com as "gazadas"! Fechem sempre muito bem as portas e janelas. Com isto não se brinca. Quem vos avisa vosso amigo é! No entanto, o Batemuma prevê algumas excepções a esta regra de ouro: ir (uma vez por mês) ao contentor pôr o lixo, ir buscar o correio e ir ao café comprar tabaco. Nestes casos é perfeitamente seguro sair de casa e deixar a porta aberta.

Tens queijo, Batemuma?

A despensa e o frigorífico do Batemuma ocupam o mesmo lugar: debaixo da cama. Portanto, não é de estranhar que para a pergunta "Tens quejio, Batemuma?" a resposta seja "Sim, procura o pacote de leite que está debaixo da minha cama há mais de um mês."

Catarina, Carla, Marlene, Joana, Ana e Marisa

Visto ser impossível chegar a um consenso, o critério passou a ser pura e simplesmente a maioridade. Uma vez que todas as candidatas o cumprem, o resultado traduz-se num democrático e simpático empate técnico! Todos ficam contentes. Resumindo e concluindo, são como as botas da tropa: marcham todas!

Batemuma vs. Manuel Luís Goucha & Teresa Guilherme

O "casamento" entre estas duas pitorescas figuras é uma das questões que mais divide a sociedade portuguesa. Isto até se pôr a questão ao Batemuma, claro! Ora então cá vai a explicação do maior: "É claro que foram casados, até se divorciaram e tudo!" Para quem não percebeu, aqui vai o "desenho": a condição para duas pessoas se divorciarem é, obviamente, serem casadas. Portanto, se eles se divorciaram, eram casados de certeza! Está tudo explicado. Espero que não subsistam dúvidas. Palavras para quê?

Pergunta parva, resposta (ainda mais) parva (I)

Ao observar o ritual do Batemuma quando vai para a cama...
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Pergunta: "Porque é que, mesmo durante o Verão, dormes com o termoventilador debaixo dos cobertores em vez de fechares a janela e meteres mais roupa na cama, Batemuma?"
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Resposta: "Porque eu não tenho uma camada de gordura como vocês!"

Epiderme, derme e pijama

Nas pessoas ditas normais, a camada mais externa da pele é a derme. No entanto, o Batemuma é tudo menos normal! Portanto, para quem não está familiarizado com esta espécie, convém explicar que a pele desta curiosa criatura apresenta uma camada extra, denominada pijama. Trata-se da camada mais exterior da sua pele, localizada imediatamente por cima da derme. Pode apresentar diversas texturas, cores e padrões. Contudo, apesar de se tratar de uma camada amovível, raramente é lavada. Na natureza o Batemuma utiliza-a como camuflagem para se proteger dos seus predadores naturais retirando-a, apenas, em ocasiões especiais. Assim, mal se levanta a meio da tarde, dirige-se à casa de banho para o seu banho semanal de meia hora. Retira então o pijama, lava-se, e veste-o imediatamente no fim desta operação, saíndo ligeiramente mais fresco e lavado. Como a água do banho não entra em contacto com o pijama, as suas propriedades de camuflagem mantêm-se intactas! A seguir, uma de duas coisas pode acontecer: ou o Batemuma volta para a cama, ou veste a roupa por cima do pijama e sai de casa. Nesta última situação, o Batemuma agradece a vossa colaboração. Portanto, se conseguirem ver a camisola do pijama pelo colarinho da camisa, avisem-no, para que ele possa corrigir rapidamente a situação, abotoando, para esse efeito, mais um botão da camisa.